Um ano após a assinatura do protocolo de cooperação entre o Centro Hospitalar São João (CHSJ) e a Direção-Geral de Reinserção e Serviços Prisionais (DGRSP), que tornou possível o acompanhamento dos indivíduos infetados pelo vírus da hepatite C no Estabelecimento Prisional do Porto, o projeto atingiu o seu objetivo: eliminar a doença nesta população, por natureza, exposta ao risco.
Ao longo de um ano, o Serviço de Gastrenterologia do CHSJ «deslocou os seus profissionais ao Estabelecimento Prisional do Porto no sentido de realizar as consultas de especialidade de Doenças do Fígado, promover os procedimentos diagnósticos adequados e facultar a medicação que permitiu a cura da hepatite C na quase totalidade dos reclusos tratados para esse efeito», explicou Guilherme Macedo, Diretor do Serviço de Gastrenterologia do CHSJ e coordenador clínico da iniciativa, em conjunto com Rui Morgado, médico responsável do Estabelecimento Prisional do Porto.
Por ser um projeto pioneiro, esta iniciativa «motivou e entusiasmou bastante os envolvidos, profissionais de saúde e utentes das prisões. Note-se que não houve qualquer compensação monetária para estes profissionais e, pelo contrário, conseguiu-se evitar mais de 600 deslocações em carros celulares dos reclusos às consultas», explicou Guilherme Macedo.
«Promoveu-se a eliminação da taxa de hepatite C no Estabelecimento Prisional do Porto. Esta situação acarretou um impacto social brutal, na medida em que se conseguiu eliminar o vírus, através de novas modalidades terapêuticas, numa franja da população considerada como carenciada para estes tratamentos e que é apontada como um grupo reservatório de potencial perpetuação da infeção na comunidade», afirmou o clínico.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) considera a eliminação da hepatite C uma prioridade de saúde pública à escala global. A atual taxa de sucesso terapêutico superior a 95%, acompanhada pela segurança e simplicidade da utilização dos compostos para esse efeito, tornou possível a adoção dessa estratégia global da OMS.
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