Pouca chuva na Região Sul de Moçambique e Swazilândia dita maiores restrições no fornecimento de água potável às cidades de Maputo, Matola e Boane a partir desta quinta-feira (15) até “sine die”. “(...)Esperamos que haja algum milagre” disse o director da ARA Sul alheio a incompetência dos sucessivos Governo a que pertence que desde 2011 não consegue aumentar a capacidade da barragem de Corumana e nem arranjar 200 milhões de dólares para construir a barragem de Moamba Major. Paradoxalmente, o Executivo que espera pela ajuda de doadores internacionais para prover água ao seu povo não se coibiu fazer dívidas internas de mais de 200 milhões de dólares em 2016 para pagar as dívidas ilegais que arrastaram o país para a crise que vivemos.
O boletim hidrológico nacional emitido esta quinta-feira (15) indica que a albufeira dos Pequenos Libombos registou está com um enchimento de 19,64 por cento da sua capacidade. No dia 13 de Abril de 2017 o registo indicava que a barragem estava a 28,07 por cento. Portanto as chuvas abaixo do normal que se registam na Região Sul de Moçambique e Swazilândia, desde Outubro último, não permitiram um encaixe significativo de água depois de tratada abastece as cidade de Maputo, Matola e Boane.
Quando falta cerca de um mês um meio para o término oficial da época chuvosa e diante das previsões de continuação de pouca chuva as autoridades do sector de Águas decidiram reduzir as “descargas da barragem dos Pequenos Libombos de 2,15 metros cúbicos para 1,5 metros cúbicos, situação essa que se verifica desde as 10 horas de hoje em que nós reduzimos as descargas da barragem dos Pequenos Libombos, passando a satisfazer a demanda do abastecimento de água em 60 por cento”.
Hélio Banze, o director da Administração Regional de Águas do Sul de Moçambique, esclareceu em conferência de imprensa que em termos práticos não são novas restrições mas a retoma do que está a ser feito desde Janeiro de 2017. “Aliviamos esta restrição em Abril (de 2017) quando tivemos a entrada de algum escoamento de Janeiro a Março do ano passado e passamos a satisfazer a demanda do fornecimento de água em 80 por cento mas porque a situação não está a melhorar nós tivemos que reduzir novamente a satisfação da demanda para cerca de 60 por cento”.
“E este regime vai perdurar, esperamos que haja algum milagre para que até finais de Março deste ano haja alguma precipitação, isso poderá levar-nos a uma revisão, se for o caso, mas caso isso não aconteça de acordo com as previsões essas restrições irão perdurar até a próxima época chuvosa que inicia em Outubro de 2018, mas como sabemos em Outubro não chove em Moçambique, a chuva começa acontecer por volta de Novembro/ Dezembro e a essa altura é que se poderá fazer uma revisão do regime de descargas da barragem dos Pequenos Libombos”, acrescentou Banze.
Solução para a falta de água não é um milagre mas são as barragens de Corumana e Moamba Major
Entretanto Messias Macie, director Nacional de Gestão de Recursos Hídricos, recordou que “todas as projecções indicavam que nos anos 2015 ou 2016 precisaríamos de reforçar a capacidade de serviço de água para Maputo, Matola e Boane”.
À parte da seca meteorológica que estamos a vivenciar o facto é que a empresa Águas da Região de Maputo só consegue prover o precioso líquido a aproximadamente 1,3 milhão de cidadãos quando a cidade e província de Maputo albergam 3,6 milhões de pessoas.
Mas ao contrário de alguns prognósticos de que Maputo poderá ser a próxima grande cidade africana a ficar sem água, tal como está para acontecer na cidade sul-africana do Cabo, a solução para a falta do precioso líquido não é um milagre divino mas sim o aproveitamento dos rios que distam a poucas centenas de quilómetros da capital moçambicana.
Macie aclarou que há pelo menos uma década foi projectada a barragem de Moamba Major “e é também neste contexto de necessidades futuras de água que a barragem de Corumana onde neste momento estamos a proceder a instalação das comportas para duplicar a capacidade de armazenamento de 800 para 1200 mil milhões de metros cúbicos e poder servir não só para o abastecimento de água mas também termos algum incremento de disponibilidade de água para a irrigação”.
O director Nacional de Gestão de Recursos Hídricos precisou que as obras na barragem de Corumana “tem todos fundos assegurados, é um financiamento do Banco Mundial e do Governo de Moçambique” e que neste momento “temos o empreiteiro mobilizado”.
“Estamos a lidar agora com os aspectos relativos ao reassentamento, a montagem das comportas implica maior volume de água e implica maior área alagado, portanto a população que estava no perímetro da albufeira tem que ser reassentada. As comportas já foram encomendas e estão a ser produzidas e nós esperamos que até Dezembro de 2019 todo o processo terá sido concluído”, projectou Messias Macie.
No entanto o @Verdade recuou aos arquivos e apurou que o acordo com o Banco Mundial remonta a 2011 e foi rubricado ao abrigo do Projecto Nacional de Desenvolvimento de Recursos Hídricos 2011/2017 que havia diagnosticado que faltaria água em Maputo, cidade e província, desde 2015 independentemente da situação de seca que estamos a enfrentar.
O @Verdade questionou o que tem estado a atrasar as obras na barragem de Corumana nos últimos sete anos mas o director Nacional de Gestão de Recursos Hídricos não respondeu.
Faltam 200 milhões de dólares para construir barragem mas Governo desperdiçou 200 milhões para pagar dívidas ilegais
O @Verdade descobriu ainda a “Estratégia Nacional de Assistência para Recursos Hídricos em Moçambique”, desenvolvida em parceria com o Banco Mundial e que também diagnosticou a necessidade de conclusão da Barragem de Corumana porque iria “atender as necessidades da área da Grande Maputo de 2012 a 2028 e que a Grande Barragem de Moamba irá atender de 2028 a 2041”.
Obviamente a “Grande Barragem de Moamba” é uma alusão ao actual projecto da barragem de Moamba Major cujas obras iniciaram em 2014 mas em 2015 pararam devido a falta 220 milhões de dólares norte-americanos que o Governo de Filipe Nyusi não disponibilizou como parte da comparticipação moçambicana, e por isso o financiamento brasileiro foi suspenso.
“Em relação a barragem de Moamba Major todos esforços estão a ser envidados no sentido de imprimirmos uma outra dinâmica na construção desta infra-estrutura que terá uma capacidade de 700 mil milhões de metros cúbicos, nós precisamos de mobilizar de imediato perto de 200 milhões de dólares norte-americanos” explicou Messias Macie em resposta ao @Verdade.
O facto é que os sucessivos Governos do partido Frelimo não têm disponibilizado os fundos necessários para aumentar a disponibilidade de água potável em Maputo e também no resto de Moçambique. É evidente a inversão de prioridade no nosso país onde, por exemplo, o Executivo de Filipe Nyusi gastou mais de 200 milhões de dólares norte-americanos durante o ano de 2016 para pagar as amortizações das dívidas ilegalmente contraídas pela EMATUM e Proindicus e não disponibilize igual valor para suprir as necessidades do povo.
Aliás os 2 biliões de dólares das dívidas contraídas violando a Constituição da República para alegadamente comprar barcos para a protecção da costa teriam sido suficientes para cobrir, e ainda sobravam, os investimentos necessários até 2029 para o acesso universal de água potável em todas zonas urbanas Moçambique que está estimado em 900 milhões de dólares norte-americanos, mas estão parados por falta de financiamento externo.
Fonte: Jornal A Verdade, Moçambique
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