Um inquérito judicial em Dublin decide hoje sobre a causa oficial da morte do praticante de Artes Marciais Mistas (MMA) português João Carvalho em 2016, dois dias após um combate na capital irlandesa.
O inquérito [‘inquest’], um procedimento normal aplicado a todas as mortes súbitas e sem causa natural, pode também determinar responsabilidade aos organizadores ou autoridades, abrindo caminho a uma ação civil para obter uma indemnização.
A audiência terá lugar no Tribunal do Coroner de Dublin e será conduzida por um juiz de instrução [‘coroner’], mas terá um júri, que vai ouvir as testemunhas e as provas e decretar um veredicto no final.
“O inquérito apenas vai estabelecer a causa da morte. Infelizmente, isto provavelmente não dará qualquer conforto à família para além de um esclarecimento. Após o inquérito, vamos considerar uma ação civil. Acreditamos que esta poderá ser a única opção disponível para a família neste momento”, disse à agência Lusa o advogado, Tom O’ Reagan.
Apesar de terem expressado manifestações de pesar e solidariedade, lembrou, os promotores do combate não deram qualquer apoio financeiro ou de outro tipo à família, nomeadamente para despesas funerárias.
“Tendo em mente os trágicos acontecimentos ocorridos em Dublin, e depois de discutir esta questão com a família, considero que deveriam ter sido oferecidos apoios e assistência adicionais por entidades oficiais”, argumentou.
João Carvalho, conhecido por “Rafeiro”, morreu em 11 de abril de 2016 num hospital de Dublin, onde deu entrada em estado crítico depois de um combate na capital irlandesa, o primeiro internacional da carreira do atleta de 28 anos.
Uma autópsia ao corpo estabeleceu como causa da morte uma “hemorragia subdural aguda” causada por uma pancada forte na cabeça.
Imagens do combate mostram o português a sofrer vários golpes na cabeça enquanto estava no chão.
“Ainda no local, foi imediatamente assistido pela equipa médica presente, sendo depois transportado rapidamente para o Hospital Beaumont, onde foi submetido a uma intervenção cirúrgica cerebral, após a qual o atleta permaneceu em estado crítico durante as 48 horas seguintes, acabando por falecer”, relatou, na altura, Vítor Nóbrega.
A Autoridade de Segurança e Saúde (HSA, na sigla inglesa) realizou um inquérito preliminar às circunstâncias do acidente, mas não encontrou motivos para responsabilizar qualquer entidade pelo sucedido.
Num depoimento na altura, explicou que Carvalho participou como um lutador profissional independente e que não tinha uma relação de empregado com outra pessoa ou entidade envolvida na realização ou promoção do evento.
“A Autoridade, portanto, encerrou a sua investigação sem nenhuma ação adicional de acordo com a legislação de saúde e segurança”, justificou.
Uma investigação da polícia irlandesa Gardaí também não encontrou indícios de crime, pelo que o ministério público irlandês decidiu não fazer uma acusação criminal contra Charlie Ward.
Lusa
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