Maioria dos idosos com consumo acima do recomendado. |
Quase todos os idosos portugueses ingerem sal acima das recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS) e têm níveis baixos de potássio, concluiu um estudo publicado no dia 28 de fevereiro, na revista Food & Nutrition Research, no âmbito do projeto Nutrition Up 65.
A amostra, que contou com 1.500 portugueses com idade igual ou superior a 65 anos (57% mulheres e 43% homens), indica que 91,5% dos homens idosos portugueses e 80% das mulheres idosas ingerem sal a mais, suspeitando-se de que seja da «elevada utilização na confeção e no consumo de alimentos ultraprocessados», avançou Pedro Moreira, um dos autores do estudo.
A ingestão de sal recomendada pela OMS é de até 5 gramas por dia, mas os valores máximos de sal identificados nos idosos em Portugal foram de 27 gramas de sal nos homens e 20,8 gramas nas mulheres, ou seja, mais do triplo do valor recomendado.
O estudo também conclui que se encontra uma maior ingestão de sódio (sal) entre idosos «mais velhos, solteiros, com menor rendimento e peso abaixo do normal» e uma maior ingestão de potássio nos idosos «mais jovens, casados e com maior rendimento».
Este estudo analisa e compara o sódio (associado à hipertensão e ao aumento do risco de cancro do estômago) em função do potássio (melhor regulação do açúcar no sangue e menor resistência à insulina) e indica que praticamente todos os homens idosos portugueses (99,1%) e quase todas as mulheres idosas portuguesas (98,4%) tinham um valor acima de 1 na relação sódio/potássio, quando o recomendado é inferior a 1,0.
De acordo com o investigador, «olhar para o sódio e para o potássio simultaneamente explica melhor o risco de doença cardiovascular e a mortalidade do que olhar para cada um deles isoladamente», salientando que «um valor inferior a 1,0 traduz menor risco de doença cardiovascular e de mortalidade», verificando-se, neste estudo, «a ocorrência simultânea de alto consumo de sódio e baixo consumo de potássio».
Pedro Moreira explicou que o potássio tem um papel fundamental na manutenção da função das células e de diferentes sistemas (muscular, ósseo ou renal), bem como na proteção cardiovascular. Outros benefícios do aumento do consumo de potássio podem incluir uma melhor regulação do açúcar (glicose) no sangue e menor resistência à insulina, o que será importante para limitar o risco de diabetes.
«As estratégias para reduzir o sódio e aumentar a ingestão de potássio são prioridades na população idosa portuguesa», alertou Pedro Moreira, referindo que o objetivo do estudo era «reduzir as desigualdades nutricionais da população idosa portuguesa, melhorando o conhecimento atual sobre o estado nutricional da população portuguesa com mais de 65 anos de idade».
Este estudo, financiado pelo Programa Iniciativas em Saúde Pública – EEA Grants em 519 mil euros, conta com a participação dos investigadores da Faculdade de Ciências da Nutrição e Alimentação da Universidade do Porto, da Universidade Norueguesa de Ciência e Tecnologia e da Unidade Local de Saúde do Alto Minho.
Fonte: Lusa
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