quinta-feira, 10 de agosto de 2017

Empresário preso na Lava Jato diz ter gerado, sozinho, R$ 1,7 bilhão em propina


Adir Assad esmiuçou esquema criminoso para obter vantagens em obras públicas. Empresa de terraplanagem do empresário nunca removeu um grão de areia. Propina era chamada de ‘lasanha’.

engenheiro Adir Assad, preso na Lava Jato, detalhou como funcionava o esquema bilionário de pagamento de propina em grandes empreiteiras do País. Assad disse em depoimento ao juiz da 7ª Vara Criminal Federal no Rio de Janeiro o que era a “lasanha de propina”. Na audiência, Adir Assad também diz que gerou, sozinho, R$ 1,7 bilhão de propina.

“É tudo uma questão de dinheiro. Para se eleger um deputado federal custa R$ 30 milhões, para eleger um deputado estadual, custa R$ 20 milhões. Tanto é que eu forneci para todas as empreiteiras. (…) Porque a gente tinha a facilidade para esse crime”, explicou Assad.

Um crime contra os cofres públicos já que no esquema as empreiteiras contratavam a empresa de Adir Assad para fazer terraplanagem e o serviço simplesmente não era feito. Ainda assim, Assad emitia notas fiscais milionárias sem remover nada de areia.

Para executar o serviço sujo, o empresário cobrava uma comissão de 14%, sendo que a maior parte ia para a empreiteira contratada para o serviço. E esse pagamento era feito em espécie.

“Nós colocávamos uma ou duas máquinas em cada obra. Se nós pegarmos os valores das notas fiscais fica evidente que não tem como… R$1,2 milhão, R$ 1,1 milhão em cada nota fiscal. Se nós dividirmos isso por R$ 100 a hora, a máquina precisa trabalhar seis meses, dia e noite, sábado e domingo, sem manutenção e tal, durar dois para chegar num faturamento desse”, detalhou o empresário.

O esquema era muito procurado por empreiteiras porque Adir Assad tinha facilidade de conseguir dinheiro vivo, na boca do caixa. Isso porque o empresário também era dono de empresas que produziam shows. Assim, Assad costumava usar ingressos e outros “mimos” para seduzir os gerentes de bancos.

“Tinha ingressos à vontade para gerentes, diretores. Não só os ingressos, mas o diretor, eu pegava o diretor e falava: ‘ah, você gosta do U2? Então eu vou arrumar para você ir lá no camarim e fazer uma foto com ele”, continuou Assad.

Tanta era a ganância e fome por dinheiro que os empresários envolvidos no esquema até criaram um apelido para as malas de dinheiro que circulavam pelo País: lasanha. Segundo Assad, cada mala era recheada com 150 ou 170 mil reais.

De acordo com Assad, só a Andrade Gutierrez gastou R$ 30 milhões em propina para que deputados não incomodassem os negócios quando o empresário foi convocado para depor na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito que, em 2012, investigava as relações de Carlinhos Cachoeira com agentes públicos.

“Tanto é que o dia que eu cheguei na CPI, foi uma maravilha. Eu cheguei lá e estavam todos os deputados, senadores, todos no telefone, para não fazer pergunta para mim. Quer dizer… “Mio”, né? Parecia que eu fui lá fazer uma palestra”, disse Assad.

A certeza da impunidade era grande e Assad contou o porquê de achar que nunca seria preso. Ele exemplificou explicando que buscava dinheiro de fora do Brasil para o PSDB e, dentro do País, dava outra quantia para o PT. “Eu gerei R$ 1,7 bilhão de propina. Eu sozinho”, se orgulha o empresário.

Fonte: G1 e jornaldopais.com.br

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