quinta-feira, 10 de agosto de 2017

SIM, MAS... | Angolanos fazem balanço positivo dos primeiros catorze dias de campanha eleitoral

No entanto, cidadãos ouvidos pela DW África criticam declarações de João Lourenço referentes à guerra civil e frisam necessidade dos candidatos focarem os seus discursos no que têm a oferecer aos cidadãos.

Em Angola, os cabeças de lista dos partidos candidatos às eleições de 23 de agosto continuam a desdobrar-se nos contactos com eleitores em todo o país. À semelhança dos atos eleitorais anteriores, tudo indica que não haverá um debate entre os candidatos à Presidência da República, nestas que são as quartas eleições desde o fim do regime monopartidário, em 1992. Mas, no terreno, trocam-se acusações e argumentos. 

Nos últimos dias, a luta política tem estado a aquecer, não apenas no terreno, onde cada um dos concorrentes tem utilizado todos os meios possíveis para convencer o eleitorado, mas, sobretudo, nos meios de comunicação, onde os candidatos tentam usar os melhores argumentos nos tempos de antena

Balanço positivo

Alguns cidadãos ouvidos pela DW África fazem um balanço positivo dos primeiros catorze dias de campanha eleitoral. Venâncio Fernando, residente no município do Lobito, considera que, ao contrário das anteriores, nessas eleições é visível o civismo e a participação da juventude na disputa eleitoral. De acordo com este angolano, "a campanha dos grandes partidos está a decorrer dentro da normalidade". "Com tranquilidade e serenidade. Há uma educação que os partidos políticos estão a passar”, acrescenta. 

Opinião semelhante tem o professor Jeremia Chavi que, no entanto, frisa que o processo acabou por ficar manchado esta semana, devido às declarações do candidato do Movimento Popular de Libertação de Angola , João Lourenço, feitas na província do Bié, onde voltou a reacender o discurso da guerra. "Algumas declarações de certos candidatos do partido no poder - Movimento Popular de Libertação de Angola - começaram a endurecer os seus discursos, o que para mim não seria muito de salutar - fazer menção a questões que remontam ao passado, sobretudo, questões que se prendem com a guerra", explica. 

Incidentes

Para além disso, a primeira semana eleitoral ficou também manchada com incidentes de intolerância politica contra uma comitiva da  União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA). O maior partido na oposição terá  sido alvo de apedrejamento por parte de militantes do partido governante quando regressava de um comício no município do Cubal, a sudoeste da província de Benguela. 

Por essa razão, o professor da escola primária e do segundo ciclo em Benguela sugere aos partidos políticos que apontem nos seus discursos para o que de melhor podem oferecer aos cidadãos. Para Jeremia Chavi, "a juventude e a geração atual já não precisa de mensagens que façam menção à guerra, porque, primeiro, não viram a guerra, segundo, eles precisam de quem tem propostas tangíveis", tais como, a criação de mais emprego, a melhoria dos serviços básicos como a saúde, habitação e a educação, exemplifica. "E esta a mensagem que os candidatos deviam passar para o eleitorado”, conclui.

Nelson Sul d'Angola (Benguela) | Deutsche Welle

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