Ideia valoriza subproduto regional atualmente desperdiçado
Projeto de investigação da Universidade de Coimbra aposta no potencial terapêutico da folha de mirtilo, um subproduto agrícola desperdiçado, para o tratamento da Esclerose Múltipla. Este foi um dos 15 projetos contemplados com uma Bolsas de Ignição financiada pelo INOV C 2020, um projeto suportado por fundos do FEDER que pretende alavancar ideias de empreendedorismo e inovação na região centro.
Tendo em vista a criação de produtos nutracêuticos com propriedades neuroprotetoras e neuroregeneradoras para uso terapêutico na Esclerose Múltipla e em doenças do foro neurológico e psiquiátrico, a equipa de investigação encontra-se a desenvolver uma nova tecnologia de obtenção de compostos fenólicos (CF) capazes de atuar no Sistema Nervoso Central, que estão presentes em elevado teor nas folhas de mirtilo.
A Esclerose Múltipla é uma doença neurodegenerativa para a qual as atuais estratégias terapêuticas se têm revelado insuficientes, limitando-se a controlar os sintomas e/ou retardar a evolução. Em Portugal, existem cerca de 60 casos por cada 100 mil habitantes e uma incidência crescente, acompanhando a tendência mundial, o que torna importante a procura de novas soluções. «Utilizando as propriedades terapêuticas da folha de mirtilo, estaremos paralelamente a tirar partido dos recursos endógenos e a acrescentar valor a um subproduto atualmente desperdiçado» explicam Sofia Viana e Flávio Reis, investigadores responsáveis pelo projeto.
Com experiência nas áreas de farmacologia, neurologia e fitoquímica, o projeto conta com uma equipa de investigação multidisciplinar da Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra, em colaboração com a Escola Superior de Biotecnologia da Universidade Católica do Porto, e o patrocínio da Cooperativa Agropecuária dos Agricultores de Mangualde CRL (COAPE), um parceiro essencial para valorizar a folha de mirtilo enquanto subproduto agrícola.
As Bolsas de Ignição do programa INOV C 2020 foram atribuídas em meados de 2018 a quinze projetos de investigação científica com aplicabilidade comercial. Os projetos representam um investimento total de 150.000 mil euros, com um financiamento FEDER máximo de 8.500€ por cada bolsa.
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