A fim de se evitar influências do Maligno, recomenda-se especialmente a recitação do Santo Rosário, como afirma um exorcista italiano: “Uma medida dissuasória formidável contra a insídia do demônio” é a Virgem Maria, que “o põe em fuga com a meditação e reza do Rosário”.
O maior diário da Colômbia, “El Tiempo”, de Bogotá, publicou em 2014 extensa entrevista com a que foi a mais famosa bruxa do país, com o título: “A bruxa mais famosa da Colômbia é agora um apóstolo de Deus”. Amanda Londoño [foto abaixo] era procurada por políticos, artistas, importantes autoridades, esportistas, e por todos aqueles que desejavam, por meios mágicos, obter fama ou dinheiro.(1) Tudo isso não vai sem uma grande ajuda do demônio.
Aqui cabe uma explicação: “É certo que o homem, pela sua natureza, não tem nenhum poder sobre o demônio, não podendo, portanto, obrigá-lo a atender às suas solicitações, nem a cumprir o que foi pactuado com ele. Porém, não é menos certo que o demônio — sempre à espreita de uma ocasião para fazer mal aos homens e perdê-los — não deixaria escapar a oportunidade única de atuar, quando convidado por eles próprios. Assim, se Deus o permitir, ele pode atender aos pedidos que lhe são feitos e obter, para os homens que a ele recorrem, riquezas, poder político, satisfação de paixões e ambições, e mesmo prejudicar outras pessoas”.(2)
Por isso é muito perigoso abrir as portas para o espírito infernal querendo conhecer o futuro, que só a Deus pertence, ou obter benefícios sem esforço — que, no futuro, o “favorecido” pagará demasiadamente caro —; ou ainda prejudicar algum desafeto, o que é muito comum nos despachos de macumba, recorrendo, como veremos, a forças ocultas.
“A bruxa mais influente da Colômbia”
“Entre os anos 70 e 80, [a entrevistada] foi a bruxa mais influente da Colômbia, e sua vida faz parte de um livro do jornalista colombiano Germano Castro Caycedo intitulado A bruxa, coca, política e demônio que, há 20 anos, causou grande polêmica no país, e inclusive foi objeto de uma telenovela”.
Essa fama não é estranha num país onde é muito grande o número de bruxas e feiticeiros, procurados até por altas personalidades do Estado.
Assim, após ser eleito, o presidente colombiano Santos se dirigiu com sua família à Serra Nevada, em Santa Marta, onde foi “abençoado” por um xamã.(3) Durante o processo de paz elaborado em Havana, os jornais noticiaram que houve mais de um ritual de macumba para o bom êxito do mesmo. E durante a recente assinatura em Cartagena dos acordos do governo colombiano com as FARC (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia), que favorecem amplamente o grupo narcoguerrilheiro e põem em gravíssimo risco a Colômbia, houve cerimônias de magia em várias praças da cidade.
Casos de recurso às forças ocultas para a obtenção de benefícios também ocorrem evidentemente no Brasil. Citamos apenas um deles, que horrorizou o país no ano de 1992. Numa cidade do litoral paranaense, a esposa e a filha de um conhecido político que era candidato a prefeito, sequestraram e sacrificaram em diabólico ritual um menino de apenas seis anos de idade, para que o candidato fosse reeleito. “Depois de estrangular a criança, fizeram-lhe um talho no pescoço para que o sangue escorresse numa vasilha; o peito foi aberto e o coração retirado; abriram também o ventre e extraíram as vísceras; depois, deceparam o órgão sexual do menino; em seguida, retiram o couro cabeludo com uma navalha e cortaram as orelhas; por fim, lhe amputaram as mãozinhas e os dedinhos do pé. Tudo isso foi recolhido numa tigela de barro” e oferecido a Exu nesse ritual satânico.(4)
É claro que nem todos que recorrem a esses feiticeiros e bruxos têm em vista chegar a tal extremo. Mas é fato que eles se encontram em grave risco de se tornarem vítimas do demônio.
Tudo começa de modo “inocente”
O repórter pergunta à ex-bruxa colombiana como foi sua entrada nesse mundo tenebroso. Ela explica que tudo começou da maneira mais “inocente”, como passatempo da juventude: “Quando era muito jovem, conheci uma pessoa que adivinhava a sorte, e éramos muitos os que a visitávamos por passatempo. Essa pessoa me ensinou. Comecei com a [leitura] das cartas e o cigarro, e me converti numa perita. Fui levando outras pessoas a crerem naquilo que eu estava crendo”.
Pergunta o repórter: “Quais são os perigos que há nisso?”
Ela inicia sua resposta fazendo uma pergunta: “Quem fez ler as cartas ou usaram uma pulseira para atrair a boa sorte? E a resposta, quase sempre, é, quase todo mundo o tem feito por curiosidade. E o que sucede? Abrimos nosso corpo e nosso coração para que entrem os espíritos do mal. Eu esclareço: como existe Deus, existem a bruxaria e o poder do maligno. Mas a gente pensa que não há nada de mal em que se adivinhe a sorte. E passamos a vida sem dar-nos conta de que permitimos que o mal entre em nós. Por isso muitas vezes não se encontra [êxito] na vida profissional, na vida econômica, e no amor; tudo é um desastre, e isto pode transcender até a terceira ou quarta geração. Isso diz o Evangelho. É uma catástrofe espiritual”.
Continua a entrevistada: “Em todas as épocas há pessoas que advinham a sorte e fazem bruxaria. Vejam a televisão e suas mensagens, que promovem pessoas às quais se pode acudir quando o marido deixa a mulher, ou o noivo a noiva. Não há anúncios que dizem: ‘Venha e lhe falo sobre o futuro’? Claro! Na rua, nos entregam papeizinhos que dizem: ‘Reatamos com o seu ente querido, e se ele não chegar, devolvemos-lhe o dinheiro’.
“A bruxaria é um negócio do maligno, no qual a pessoa algumas vezes crê que está falando [com o espírito das trevas], e outras sabe certamente que com isso se faz o mal”. Ela acrescenta: “Quando falo disto, eu me refiro a que não temos a confiança plena no Senhor, nem esperança n´Ele. Não sabemos pedir-lhe, e não O temos como Pai. E cremos que uma planta, uma bebida ou uma ferradura têm mais poder que Ele”.
O começo da conversão
Num domingo, a bruxa foi a uma igreja assistir à Missa (sim, senhor, na Colômbia o povo é tão religioso que até pessoas ligadas à bruxaria são impelidas a irem à igreja, o que não é incomum também no Brasil com algumas mães-de-santo ou adeptos do candomblé ou de outras religiões afro-brasileiras). No templo sagrado a bruxa viu uma freira e, movida pela graça, abraçou-a, dizendo: “Irmã, salve-me, eu faço bruxaria!”. A freira começou a rezar, e convidou-a a ir ao seu convento. Recomendou-lhe que rezasse o Rosário, para que Deus lhe fizesse ver mais claramente as coisas no dia seguinte. “Passei a noite muito intranquila”. No dia seguinte, “quando nos vimos, a madre orou, e eu pus uns pequenos vermes pela boca. Isso me aterrou. Era mulher de muito êxito, amiga dos políticos. Cria ter o mundo a meus pés, mas me faltava o mais importante: Deus”.
A religiosa levou-a então a um monsenhor, e ela fez uma confissão de toda sua vida. Entretanto, voltou a fraquejar, quando vieram lhe pedir que fizesse novo despacho. E recomeçou a bruxaria. Isso até o dia em que, indo com outras pessoas fazer um despacho, sentiu como que alfinetadas no corpo. Ficou desassossegada e não conseguia dormir. Buscou um psiquiatra, mas em vão. Depois soube que lhe haviam feito um malefício. Não era capaz de comer nem engolir. O pior era uma voz que lhe sussurrava ao ouvido: “Mata-te”. Era o demônio tentando levá-la ao desespero.
O exorcismo
Nessa angústia, ela voltou a ver a freira e o monsenhor, que rezaram em sua intenção. Mais tarde um sacerdote fez-lhe um exorcismo. Ela fora até ele acompanhada do marido e de várias pessoas, inclusive de outra bruxa, “que era mais bruxa do que eu, e que num momento dado levantou a mesa do refeitório — que era pesadíssima — com uma só mão, e a lançou sobre o sacerdote e o derrubou. De sua boca saía puro fumo”.
É preciso dizer que a pessoa possuída pelo demônio manifesta muitas vezes ações que estão além da natureza, como falar e compreender línguas estrangeiras sem tê-las aprendido antes, manifestar força física acima de sua idade e condição, revelar coisas secretas ou distantes etc.. Entretanto, uma das coisas mais comuns nos possessos é agredir o exorcista, pelo que este, no geral dos casos, tem a seu lado um ou dois guarda-costas para protegê-lo de qualquer agressão.
E a bruxa prossegue: “No exorcismo volto a vomitar vermes, cai terra do teto e cuspo alfinetes. Sim, alfinetes. O sacerdote orava. Eu comecei a expelir coisas [estranhas] quando ouvi uma voz que me dizia para matar o sacerdote, que era muito alto e robusto. Não sei que força eu tive, que o peguei pela garganta e cravei nela as unhas. Mas ele continuava rezando, e me apresentou uma hóstia consagrada. Caio então ao solo, peço-lhe perdão e lhe digo que esse ataque não havia saído de mim, e nos prostramos diante do Santíssimo. Desde esse momento fiquei libertada do maligno, e pude retomar minha vida da mão de Deus”.
Últimas recomendações
Pergunta: “O que recomenda nesses casos?”
Resposta: “Quem se meteu nestas coisas, vá a um sacerdote para que o oriente e faça uma oração de libertação. Ou faça uma confissão de todo o coração, para que o perdoe desse atentado contra Deus. Se o caso for muito grave, talvez se requeira o exorcismo. Mas deve ser com um sacerdote autorizado, não com um qualquer”.
Pergunta: “Sentiu-se alguma vez tentada a voltar a fazer bruxaria?”
Resposta: “Não, nunca mais. Não voltaria a fazer. Privo-me de muitas coisas, de ter objetos que sei que induzem ao mal. Sou inimiga do I-Ching, da Nova Era, do Feng shui, porque tudo isto desloca a Deus, e eu quero levar a Deus em meu coração. É necessário pedir fortaleza para não voltar a cair. Quando a pessoa diz ‘a mim não entra nenhum mal’, eu me rio, porque, para que não te entres nada mal, tens que estar confessado, comungado, rezar o Rosário. Essas são as armas”.
Ela poderia ter acrescentado aqui muitas outras coisas aparentemente inocentes, mas que também acabam levando por esse diabólico caminho, como o tabuleiro ouija, um seu semelhante que está muito em voga nas escolas hoje em dia, ou seja, o jogo de adivinhação pelo movimento de um lápis, o Reiki, Yoga, e outros métodos de pseudo cura orientais.
Epílogo
Amanda Londoño agora faz conferências narrando a sua experiência, além de, como boa católica, ser ativa na campanha pela família e contra o aborto. Tornou-se também divulgadora do Rosário, seguindo o que diz o Pe. Ermes Macchioni, exorcista da diocese de Reggio Emília, na Itália. Esse sacerdote, com muita prática de exorcista, diz que hoje em dia há muita infestação diabólica porque as pessoas “têm querido substituir a Deus pela idolatria, que vai contra o projeto divino, e porque os que se dizem cristãos rezem pouco, ou o fazem mal”. Para reverter essa situação, indicou que se deve recorrer ao Santo Rosário: “Uma medida dissuasória formidável contra a insídia do demônio” é a Virgem Maria, que “o põe em fuga com a meditação e reza do Rosário”.(5)
____________
Notas:
(*) Matéria publicada na Revista Catolicismo, nº 791, Novembro/2016.
1.Seguimos sobretudo essa reportagem: http://www.eltiempo.com/archivo/documento/CMS-13663195, bem como a de https://www.aciprensa.com/noticias/era-la-bruja-mas-famosa-de-colombia-la-exorcizaron-abrazo-la-fe-y-hoy-es-apostol-del-rosario-16457/
2. Gustavo A. Solimeo e Luiz Sérgio Solimeo, Anjos e Demônios – A luta contra o poder das trevas, Artpress, São Paulo, 1996, p. 147.
3. “O xamã é a pessoa a que se atribui a capacidade de modificar a realidade ou a percepção coletiva desta, de maneira a que não respondem a uma lógica causal. Isto se pode expressar finalmente, por exemplo, na faculdade de curar, de comunicar-se com os espíritos e de apresentar habilidades visionárias e divinatórias” https://es.wikipedia.org/wiki/Cham%C3%A1n
4. Gustavo A. Solimeo, op. cit., p. 227.
Fonte: ABIM
_____________________________________________
Nenhum comentário:
Postar um comentário