terça-feira, 11 de julho de 2017

Eu, Psicóloga. Qual a melhor forma de lidar com ciúmes do novo irmãozinho?

As crianças menores costumam sentir quando tem um irmãozinho mais novo na família. Muitas delas choram, ficam irritadas, fazem manha, acham que os pais não gostam mais delas. A questão é vira um drama dentro de casa, mas é claro que dá para contornar. A seguir a psicóloga Raquel Jandozza, criadora do projeto Pré-Natal Emocional, lista algumas dicas para ajudar a passar por isso com mais tranquilidade.

Dar carinho é o primeiro passo

O principal ponto é a conduta dos pais, que influencia na forma como a criança age. Ao invés de ficar perguntando ‘Você não quer? Não gostou?’, o melhor a fazer é abraçar, dar carinho. Porque, geralmente, sentimentos como ciúme são ligados à insegurança, ao medo de que o outro ocupe aquele lugar de afeto”, explica.

Falar sobre o assunto

Cabe aos pais mostrar para a criança que o bebê está chegando para somar afeto, para multiplicar o amor, e não para tirar. E isso deve ser feito desde o início da gravidez. “É preciso apresentar esse novo membro mesmo antes da chegada dele, como um evento importante que vai trazer para aquela criança mais uma pessoa para amar. Não tem que esperar os últimos momentos”, diz.

Ela orienta ainda a nunca esconder a gravidez, até porque a criança percebe, ela não é boba. “Tem que falar do parto, dizer que o bebê vai sair da barriga da mamãe, que talvez por alguns períodos a mamãe não vá poder estar totalmente dedicada, mas que estará ali sempre e vai continuar amando, assim como o pai”, diz.

Não forçar responsabilidades

Mas é necessário, também, ter cuidado para não jogar uma carga grande de responsabilidades. “É bom dizer que a criança vai ter um papel importante, que vai ajudar a cuidar. Mas sem esse peso de que vai ser o irmão mais velho, o responsável, porque ela acaba não vendo vantagem nenhuma nisso. O melhor é dizer que o novo irmão vai poder brincar junto, ir construindo isso ao longo da gravidez”, explica.

Orientar parentes e amigos

É natural que, com um novo bebê, os parentes e amigos que visitam acabem dando toda a atenção aos pequenos. Mas é importante lembrar que todas as crianças demandam carinho e o mais velho, especialmente nesse momento, pode estar sentindo falta.

Então vale lembrar às visitas para equilibrarem a atenção. Além disso, a psicóloga diz que é preciso orientá-los a não dizer coisas do tipo “Perdeu colinho” ou “Agora você é o homenzinho/mocinha da casa”, porque isso não é bom. “É preciso haver uma conduta adequada e tranquila de todos”, diz.

Dar tempo ao tempo

Ainda de acordo com a psicóloga Raquel Jandozza, muitos pais sequer esperam a adaptação dos filhos e já intitulam a relação dos dois dizendo que um tem ciúme do outro. “Tem que dar tempo e apoio, afinal, é uma nova rotina, e tudo que envolve a chegada de um bebê é diferente para os pais, imagine para uma criança pequena! Não é de cara que ela vai gostar”, afirma.

Ela diz ainda que, especialmente as crianças menores, têm uma ideia de que o novo irmão já vai chegar falando, podendo brincar, idealizam uma relação que demora a acontecer. “Se alguém perguntar como o mais velho está reagindo, responda que estão todos se adaptando”, orienta.

Usar as palavras certas

A dica é nunca dizer que a atenção será dividida, mas sim compartilhada. E, no dia a dia, sempre envolver o mais velho na rotina do bebê, dizendo para ter calma, que irão ajudar para que o pequeno cresça com saúde e, em breve, possam brincar juntos.

Dar atenção especial para cada filho


Embora o melhor para a família sejam as relações compartilhadas, é importante reservar espaço para que exista uma relação individualizada com cada um. Se o mais velho está demandando mais atenção, não tem problema os pais por vezes deixarem o bebê com alguém, ou enquanto dorme, e dar atenção a ele. “Lidar com crianças enciumadas é dar carinho da mesma forma que para o bebê. O ideal é ter uma relação equilibrada e mostrar que o novo membro não chegou como alguém que está tirando nada de ninguém, mas sim como alguém que trouxe mais”, finaliza a psicóloga.

Debora Oliveira

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