quinta-feira, 8 de março de 2018

Conhecimento Humano - O Conhecimento Científico

Resultado de imagem para Conhecimento Humano - O Conhecimento CientíficoO conhecimento científico é uma conquista recente da humanidade, surgiu no século XVII com a revolução galileana. Isto não significa que antes daquela data não houvesse saber rigoroso, pois desde o século VI a.C., na Grécia Antiga, os homens aspiravam a um conhecimento que se distinguisse do mito e do saber comum.

No século V. a.C., Sócrates buscava a definição dos conceitos, por meio da qual pretendia atingir a essência das coisas. Platão mostrava o caminho que a educação do sábio devia percorrer para marcar a passagem do nível da simples opinião para o nível da ciência.

No pensamento grego, ciência e filosofia achavam-se ainda vinculadas e só vieram a se separar na Idade Moderna, buscando cada uma delas o seu caminho, ou seja, seu método. A ciência moderna nasce ao determinar um objeto específico de investigação e ao criar um método pelo qual se fará o controle desse conhecimento.

A utilização de métodos rigorosos permite que a ciência atinja um tipo de conhecimento sistemático, preciso e objetivo segundo o qual são descobertas relações universais e necessárias entre os fenômenos, o que permite prever acontecimentos e também agir sobre a natureza de forma mais segura.

Cada ciência se torna então uma ciência particular, no sentido de ter um campo delimitado de pesquisa e um método próprio. As ciências são particulares na medida em que cada uma privilegia setores distintos da realidade: a física trata do movimento dos corpos; a química, da transformação; a biologia, do ser vivo etc.

Por outro lado as ciências são também gerais, no sentido de que as conclusões não valem apenas para os casos observados, e sim para todos os que a eles se assemelham. Ao afirmarmos que "o peso de qualquer objeto depende do campo de gravitação" ou que "a cor de um objeto depende da luz que ele reflete" ou ainda "a água é uma substância composta de hidrogênio e oxigênio", fazemos afirmações que são válidas para todos os corpos, todos os objetos coloridos ou qualquer porção de água, e não apenas para aqueles que foram objeto de experiência.

A preocupação do cientista está portanto na descoberta das regularidades existentes em determinados fatos. Por isso, a ciência é geral, isto é, as observações feitas para alguns fenômenos são generalizadas e expressas pelo enunciado de uma lei.

Enquanto o saber comum observa um fato a partir do conjunto de dados sensíveis que formam a nossa percepção imediata, pessoal e superficial do mundo, o fato científico é um fato sistematizado, abstrato, isolado do conjunto em que se encontra normalmente inserido e elevado a um grau de generalidade: quando nos referimos à "dilatação" ou ao "aquecimento" como fatos científicos, estamos muito distantes dos dados sensíveis de um certo corpo em um determinado momento. 

O mundo construído pela ciência aspira à objetividade: as conclusões podem ser verificadas por qualquer outro membro competente da comunidade científica, pois a racionalidade desse conhecimento procura despojar-se do emotivo, tornando-se impessoal na medida do possível. Por mais que a ciência amplie o conhecimento que temos do mundo, de certo ponto de vista ela reduz esse conhecimento, concentrando-se num campo particular da realidade.

Para ser precisa e objetiva, a ciência dispõe de uma linguagem rigorosa cujos conceitos são definidos de modo a evitar ambigüidades. A linguagem se torna cada vez mais precisa, na medida que utiliza a matemática para transformar qualidades em quantidades. A matematização da ciência se inicia com Galileu. Ao estabelecer a lei da queda dos corpos, por exemplo, Galileu mediu o espaço percorrido e o tempo que um corpo leva para descer o plano inclinado, e ao final das observações registrou a lei numa formulação matemática.

Por meio desse exemplo, constatamos que a ciência do século XVII utiliza a matemática e o recurso da observação e da experimentação. Nesse processo, o uso de instrumentos torna a ciência mais rigorosa, precisa e objetiva. Os instrumentos de medida (balança, termômetro etc.) permitem ao cientista ultrapassar a percepção imediata e subjetiva da realidade e fazer uma verificação objetiva dos fenômenos.

É preciso retirar do conceito de ciência a falsa idéia de que ela é a única explicação da realidade e se trata de um conhecimento "certo" e "infalível". Há muito de construção nos modelos científicos e, às vezes, até teorias contraditórias, como por exemplo, a teoria corpuscular e a ondulatória, ambas utilizadas para explicar o fenômeno luminoso. Além disso, a ciência está em constante evolução, e suas verdades são sempre provisórias. Mas é verdade que a física e as demais ciências da natureza se tornam rigorosas por serem altamente "matematizáveis" e usarem o método experimental, no oposto se encontram as ciências humanas cujo componente qualitativo não pode ser reduzido à quantidade, assim como resiste a certas formas de experimentação.

Ciência e Poder

As ciências da natureza encontram no novo método, a possibilidade de uma abordagem mais eficaz da realidade, no sentido de maior previsibilidade dos fenômenos e, consequentemente, maior poder para a transformação da natureza. Isso se tornou viável devido à aliança da ciência com a técnica. Como decorrência, ocorreu o desenvolvimento da tecnologia que é técnica enriquecida pelo saber científico, que tem alterado o habitat humano timidamente a partir do século XVIII, com a Revolução Industrial, e com grande rapidez no século XX. Reciprocamente, a tecnologia também provocou avanços importantes no conhecimento científico. Basta lembrar o que significa a precisão relativa da balança mecânica em comparação com o rigor da balança eletrônica!

No entanto, o poder da ciência e da tecnologia é ambíguo, porque pode estar a serviço do homem ou contra ele. Daí a necessidade de o trabalho do cientista e do técnico ser acompanhado por reflexões de caráter moral e político, visando questionar os fins a que se destinam os meios utilizados pelo homem: se servem ao crescimento integral e elevem o espírito humanístico nas relações sociais, ou se degradam, se servem à liberdade ou às formas de dominação.

Por isso é impossível admitir a existência do trabalho científico neutro, que procura o "saber pelo saber". A ciência envolve uma relação íntima com a moral e a política e o cientista tem uma responsabilidade social da qual não pode se omitir.

Por Professor Aloíso


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