quinta-feira, 15 de fevereiro de 2018

Aeroporto de Nacala, que custa-nos 216 milhões de dólares, recebeu metade dos aviões que aterraram no Aeródromo de Mocímboa da Praia

O Aeroporto Internacional de Nacala, inaugurado em Dezembro de 2014 e que custou mais de 216 milhões de dólares norte-americanos em dívidas que o povo moçambicano vai ter de pagar, registou somente a visita de 771 aeronaves em 2016, em contrapartida o velhinho Aeródromo de Mocímboa da Praia recebeu em igual período quase o dobro de aviões.
O ministro dos Transportes e Comunicações, Carlos Mesquita, orienta esta segunda-feira (12) a reabertura do Aeródromo de Mocímboa da Praia, na província de Cabo Delgado, ao tráfego internacional não regular de aeronaves, passageiros e carga.
Das 564 aeronaves que recebeu no ano de 2015 este pequeno Aeródromo de classe II, com uma pista de 2 mil metros de comprimento e 27 de largura, e que recentemente recebeu algumas obras de modernização as antigas infra-estruturas construídas no tempo colonial, e, 2016 acolheu 1.485 aviões.
Este crescente movimento, que resulta da demanda da indústria de hidrocarbonetos que está a fluir na Bacia do Rovuma, fez o número de passageiros aumentar mais 3 mil por cento, de 420 em 2015 para 12.868 no ano de 2016, sem precisar de avultados investimentos da empresa Aeroportos de Moçambique ou do Estado moçambicano.
Entretanto o sumptuoso e megalómano Aeroporto Internacional de Nacala que o Governo continua a tentar vender como ponte para indústria do gás que está a florescer no Norte de Moçambique, que custou mais de 216 milhões de dólares norte-americanos em Dívida Pública e tem uma novíssima pista 3.100 metros de comprimento e 45 metros de largura, recebeu somente 771 aviões em 2016, mais 150 do que no ano anterior de acordo com o Relatório e Contas dos Aeroportos de Moçambique.
O aeroporto, inaugurado em finais de 2014 e certificado para recebeu voos internacionais no ano seguinte, registou um tráfego de 25.879 passageiros em 2016, contra 19.719 de 2015, embora tenha sido dimensionado para atender 500 mil passageiros por ano. Portanto tem estado a acumular prejuízos pois voos regulares tem recebido somente três semanais das Linhas Aéreas de Moçambique.
Aliás o @Verdade apurou que o desejo do Governo de concessionar a privados a gestão do terminal aeroportuário de Nacala não passa disso, nenhum investidor tem mostrado interesse na infra-estrutura.
Numa entrevista recente ao @Verdade o ministro Carlos Mesquita disse ao @Verdade que a companhia aérea Ethiopian Airlines está a estudar a possibilidade de usar o Aeroporto de Nacala com base para as operações domésticas que está para iniciar em Moçambique.
Pior tráfego aéreo que o “elefante branco” de Nacala só mesmo no Aeródromo da Inhaca que recebeu 436 aviões. Até em Lichinga e no Chimoio aterraram mais aeronaves em 2016, 838 e 1082 respectivamente.
Dívidas de 170 milhões USD aos bancos mais 1,9 bilião de meticais a Odebrecht
Enquanto isso Relatório e Contas dos Aeroportos de Moçambique revela que em 2016 além de dever cerca de 170 milhões de dólares norte-americanos ao Standard Bank, ao Banco Comercial e de Investimentos, ao Banco Nacional de Investimentos e ao Banco Nacional de Desenvolvimento Económico e Social do Brasil o Aeroporto de Nacala deve também aproximadamente 1,9 bilião de meticais a Construtora Norberto Odebrecht, o empreiteiro.
Além disso o @Verdade constatou que existe uma outra dívida de 1.169.067.177 meticais identificada como “Subsídio para Investimento – Nacala” e que refere-se a “valores de Imposto sobre Valor Acrescentado das facturas do empreiteiro da obra de construção do Aeroporto Internacional de Nacala, que segundo o contrato estaria a cargo do Ministério dos Transportes e Comunicações”, pode-se ler no Relatório e Contas de 2016.

Fonte: Jornal A Verdade. Moçambique 

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